(Beth Moon - Ancient Trees: Portraits Of Time, Abbeville Press, 2014)


“Eu pertenço à fecundidade
e crescerei enquanto crescem as vidas:
sou jovem com a juventude da água,
sou lento com a lentidão do tempo,
sou puro com a pureza do ar,
escuro com o vinho
da noite
e só estarei imóvel quando seja
tão mineral que não veja nem escute,
nem participe do que nasce e cresce.

Quando escolhi a selva
para aprender a ser,
folha por folha,
estendi as minhas lições
e aprendi a ser raiz, barro profundo,
terra calada, noite cristalina,
e pouco a pouco mais, toda a selva.”

(NERUDA, Pablo. O Caçador de raízes. Antologia Poética, José Olympio, 1994, p. 232.)


domingo, 24 de fevereiro de 2008

A falência do prazer e do amor, Primeiro Fausto - Fernando Pessoa (fragmento)




- Amo como o amor ama.
Não sei razão para amar-te mais que amar-te.
Que queres que te diga mais que te amo,
Se o que quero dizer-te é que te amo?

(...)

‘Quando te vi amei-te já muito antes:
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci para ti antes de haver o mundo.
Não há cousa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida afora,
Que o não fosse porque te previa,
Porque dormias nela no futuro.’

(...)

(In: Poemas dramáticos, Primeiro Fausto, A falência do prazer e do amor, Terceiro tema, XXI)

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