(Beth Moon - Ancient Trees: Portraits Of Time, Abbeville Press, 2014)


“Eu pertenço à fecundidade
e crescerei enquanto crescem as vidas:
sou jovem com a juventude da água,
sou lento com a lentidão do tempo,
sou puro com a pureza do ar,
escuro com o vinho
da noite
e só estarei imóvel quando seja
tão mineral que não veja nem escute,
nem participe do que nasce e cresce.

Quando escolhi a selva
para aprender a ser,
folha por folha,
estendi as minhas lições
e aprendi a ser raiz, barro profundo,
terra calada, noite cristalina,
e pouco a pouco mais, toda a selva.”

(NERUDA, Pablo. O Caçador de raízes. Antologia Poética, José Olympio, 1994, p. 232.)


segunda-feira, 9 de junho de 2008

Faltando um Pedaço - Djavan


"O amor é um grande laço
Um passo pr'uma armadilha
Um lobo correndo em círculos
Pra alimentar a matilha

Comparo sua chegada
Com a fuga de uma ilha
Tanto engorda quanto mata
Feito desgosto de filha

O amor é como um raio
Galopando em desafio
Abre fendas, cobre vales,
Revolta as águas dos rios

Quem tentar seguir seu rastro
Se perderá no caminho
Na pureza do limão
Ou na solidão do espinho

O amor e a agonia
Cerraram fogo no espaço
Brigando horas a fio
O cio vence o cansaço

E o coração de quem ama
Fica faltando um pedaço
Que nem a lua minguando
Que nem o meu nos seus braços..."



Happy Birthday... Marcelo...


sábado, 7 de junho de 2008

A flor que és - Fernando Pessoa/R.Reis



A flor que és, não a que dás, eu quero.
Porque me negas o que te não peço.
Tempo há para negares
Depois de teres dado.
Flor, sê-me flor! Se te colher avaro
A mão da infausta esfinge, tu perene
Sombra errarás absurda,
Buscando o que não deste.







Se viver o amor nos traz vida e magia, lembrar então... é amar duplamente: imprescindível...
Vinte e quatro anos passados e ainda me emociono ao ler esse poema...