(Beth Moon - Ancient Trees: Portraits Of Time, Abbeville Press, 2014)


“Eu pertenço à fecundidade
e crescerei enquanto crescem as vidas:
sou jovem com a juventude da água,
sou lento com a lentidão do tempo,
sou puro com a pureza do ar,
escuro com o vinho
da noite
e só estarei imóvel quando seja
tão mineral que não veja nem escute,
nem participe do que nasce e cresce.

Quando escolhi a selva
para aprender a ser,
folha por folha,
estendi as minhas lições
e aprendi a ser raiz, barro profundo,
terra calada, noite cristalina,
e pouco a pouco mais, toda a selva.”

(NERUDA, Pablo. O Caçador de raízes. Antologia Poética, José Olympio, 1994, p. 232.)


terça-feira, 12 de abril de 2011

Todos esses anjos - Lya Luft




“Todos esses

Anjos que à noite

agitam cortinas e sussurram frases

que temes entender:

se te tomarem nos braços

se te beijarem na boca,

se te entrarem no corpo,

não te darão certeza de que morrer, viver,

são igualmente suaves e difíceis

loucos e sensatos, e urgentíssimos?


Poderás enfim amar, rendendo-te àquilo

que te aflora com suas asas,

que te chama com suas vozes,

te vara constantemente com essa luz,

essa dor.”