(Beth Moon - Ancient Trees: Portraits Of Time, Abbeville Press, 2014)


“Eu pertenço à fecundidade
e crescerei enquanto crescem as vidas:
sou jovem com a juventude da água,
sou lento com a lentidão do tempo,
sou puro com a pureza do ar,
escuro com o vinho
da noite
e só estarei imóvel quando seja
tão mineral que não veja nem escute,
nem participe do que nasce e cresce.

Quando escolhi a selva
para aprender a ser,
folha por folha,
estendi as minhas lições
e aprendi a ser raiz, barro profundo,
terra calada, noite cristalina,
e pouco a pouco mais, toda a selva.”

(NERUDA, Pablo. O Caçador de raízes. Antologia Poética, José Olympio, 1994, p. 232.)


terça-feira, 18 de setembro de 2012

Canto a mim mesmo - Walt Whitman

(Praia de Búzios - Natal - RN)


Ser de uma forma qualquer
– o que é isso?
(Giramos e giramos, todos nós,
e sempre voltamos ao mesmo ponto.)
Se nada houvesse mais evoluído,
a ostra em sua calosa concha
deveria bastar.

Não tenho calosa a concha:
tenho instantâneos condutores
por mim todo,
esteja eu parado ou em movimento,
e eles apreendem todas as coisas
e sem dano as conduzem
através do meu ser.

Eu simplesmente me animo e tateio,
sinto com os dedos e fico feliz:
tocar com a minha a pessoa de outrem
é quase o máximo
a que eu posso resistir.”

(Leaves of Grass - fragmentos, Tradução de Geir Campos)

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