(Beth Moon - Ancient Trees: Portraits Of Time, Abbeville Press, 2014)


“Eu pertenço à fecundidade
e crescerei enquanto crescem as vidas:
sou jovem com a juventude da água,
sou lento com a lentidão do tempo,
sou puro com a pureza do ar,
escuro com o vinho
da noite
e só estarei imóvel quando seja
tão mineral que não veja nem escute,
nem participe do que nasce e cresce.

Quando escolhi a selva
para aprender a ser,
folha por folha,
estendi as minhas lições
e aprendi a ser raiz, barro profundo,
terra calada, noite cristalina,
e pouco a pouco mais, toda a selva.”

(NERUDA, Pablo. O Caçador de raízes. Antologia Poética, José Olympio, 1994, p. 232.)


terça-feira, 18 de setembro de 2012

Canções da Experiência - William Blake


Um amanhecer no inverno do sul...


"O Ontem, o hoje, o amanhã, ora vos digo.
Eis que ouvi o anunciado
Pelo Verbo Sagrado,
Que caminhou pelo pomar antigo,

No orvalho da noite a chorar,
e a convocar de volta a alma perdida;
Que pode controlar
Até o pólo estelar,
E também renovar a luz caída!

Retorna, oh, Terra, vem agora!
Deixa a relva orvalhada em que tu dormes;
A noite vai-se embora.
E já desponta a aurora
Das massas sonolentas e disformes.

Não, não queiras mais te afastar.
Porque alguém como tu se afastaria?
Todo o chão estelar,
Toda a costa do mar,
Hão de ser teus até que rompa o dia."

Nenhum comentário: