(Beth Moon - Ancient Trees: Portraits Of Time, Abbeville Press, 2014)


“Eu pertenço à fecundidade
e crescerei enquanto crescem as vidas:
sou jovem com a juventude da água,
sou lento com a lentidão do tempo,
sou puro com a pureza do ar,
escuro com o vinho
da noite
e só estarei imóvel quando seja
tão mineral que não veja nem escute,
nem participe do que nasce e cresce.

Quando escolhi a selva
para aprender a ser,
folha por folha,
estendi as minhas lições
e aprendi a ser raiz, barro profundo,
terra calada, noite cristalina,
e pouco a pouco mais, toda a selva.”

(NERUDA, Pablo. O Caçador de raízes. Antologia Poética, José Olympio, 1994, p. 232.)


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Louvação para uma cor - Adélia Prado


“O amarelo faz decorrer de si os mamões e sua polpa,

o amarelo furável.

Ao meio-dia as abelhas, o doce ferrão e o mel.

Os ovos todos e seu núcleo, o óvulo.

Este, dentro, o minúsculo.

Da negritude das vísceras cegas,

amarelo e quente, o minúsculo ponto,

o grão luminoso.

Distende e amacia em bátegas

a pura luz de seu nome,

a cor tropicordiosa.

Acende o cio,

é uma flauta encantada,

um oboé em Bach.

O amarelo engendra.”


Um comentário:

Thiago Soares disse...

puxar quanto amor ein?vc tem uma poesia muito profunda.

veja tambem www.poetasoares.blogspot.com