
"Mas agora
que eras a água em minha vertente,
eras a polpa do meu pão,
eras a sombra da minha gruta,
a resina do meu pinhal,
a asa do meu vôo esperto,
o guizo do meu manancial,
o alúmen agrário do meu horto,
a transparência do meu cristal,
doce fruto recém-mordido
que de doce me fazia mal,
voz de regresso e de partida,
mel de corola e de panal,
senda, em que meus pés se apressavam
como no imã o aço,
coração meu que em meu peito
talvez tivesse estado mal,
ponte entre Deus e a minha tristeza,
taça do céu sobre o mar,
pasto estrelado de rocios,
flor do pecado capital,
odor de sol e de caminho
num crepúsculo campestre
à sombra de um macieiral,
fina antena que me roçava,
punhal agudo que me matava,
ar, terra, canções, mar
astros da noite azulada,
sobre o horizonte polar,
eras caminho que seguir,
luz de estrelas de guiar,
e que além de conduzir
eras a terra a que chegar..."
(In: O Rio Invisível)
Um comentário:
I'm appreciate your writing skill.Please keep on working hard.^^
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