(Beth Moon - Ancient Trees: Portraits Of Time, Abbeville Press, 2014)
“Eu pertenço à fecundidade e crescerei enquanto crescem as vidas: sou jovem com a juventude da água, sou lento com a lentidão do tempo, sou puro com a pureza do ar, escuro com o vinho da noite e só estarei imóvel quando seja tão mineral que não veja nem escute, nem participe do que nasce e cresce.
Quando escolhi a selva para aprender a ser, folha por folha, estendi as minhas lições e aprendi a ser raiz, barro profundo, terra calada, noite cristalina, e pouco a pouco mais, toda a selva.”
(NERUDA, Pablo. O Caçador de raízes. Antologia Poética, José Olympio, 1994, p. 232.)
domingo, 4 de outubro de 2009
2º motivo da rosa - Cecília Meireles
“Por mais que te celebre, não me escutas, embora em forma e nácar te assemelhes à concha soante, à musical orelha que grava o mar nas íntimas volutas.
Deponho-te em cristal, defronte a espelhos, sem eco de cisternas ou de grutas... Ausências e cegueiras absolutas ofereces às vespas e às abelhas,
e a quem te adora, ó surda e silenciosa, e cega e bela e interminável rosa, que em tempo e aroma e verso te transmutas!
Sem terra nem estrelas brilhas, presa a meu sonho, insensível à beleza que és e não sabes, porque não me escutas...”
Nenhum comentário:
Postar um comentário