
"Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,
nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas
sobre as mesas... e moças nas janelas
com brincos e pulseiras de coral...
Búzios calçando portas... caravelas
sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto,
na vitrina do bric o teu sorriso, antínous,
e eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
de su’alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
uma caixa de música
uma bússola
um mapa figurado
uns poemas cheios da beleza única
de estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontraremos sobre o Mar Oceano,
quando eu também já não tiver nome."
(In: O Aprendiz de Feiticeiro, p.33)
Nenhum comentário:
Postar um comentário