(Beth Moon - Ancient Trees: Portraits Of Time, Abbeville Press, 2014)
“Eu pertenço à fecundidade
e crescerei enquanto crescem as vidas:
sou jovem com a juventude da água,
sou lento com a lentidão do tempo,
sou puro com a pureza do ar,
escuro com o vinho da noite
e só estarei imóvel quando seja
tão mineral que não veja nem escute,
nem participe do que nasce e cresce.
Quando escolhi a selva
para aprender a ser,
folha por folha,
estendi as minhas lições
e aprendi a ser raiz, barro profundo,
terra calada, noite cristalina,
e pouco a pouco mais, toda a selva.”
(NERUDA, Pablo. O Caçador de raízes. Antologia Poética, José Olympio, 1994, p. 232.)
Escrito com tinta verde – Octavio Paz
A tinta verde cria jardins, selvas, prados,folhagens onde gorjeiam letras,palavras que são árvores,frases de verdes constelações.Deixa que minhas palavras, ó branca, desçam e te cubramcomo uma chuva de folhas a um campo de neve,como a hera à estátua,como a tinta a esta página.Braços, cintura, colo, seios,fronte pura como o mar,nuca de bosque no outono,dentes que mordem um talo de grama.Teu corpo se constela de signos verdes,renovos num corpo de árvore.Não te importe tanta miúda cicatriz luminosa:olha o céu e sua verde tatuagem de estrelas.(Trad. Haroldo de Campos)
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