“É assim que ficam
os meus olhos, é assim que fica o meu mundo, quando a saudade se
aconchega no meu colo, quando a velhice brinca comigo... Os olhos
normais veem as ruas, os muros, os jardins, do jeito mesmo como eles
são, do jeito mesmo como apareceriam se deles se tirasse uma
fotografia. Já os olhos que a saudade encantou ficam dotados de
estranhos poderes mágicos: eles veem as ausências, o que não está
lá, mas que o coração deseja.”
(Beth Moon - Ancient Trees: Portraits Of Time, Abbeville Press, 2014)
“Eu pertenço à fecundidade
e crescerei enquanto crescem as vidas:
sou jovem com a juventude da água,
sou lento com a lentidão do tempo,
sou puro com a pureza do ar,
escuro com o vinho da noite
e só estarei imóvel quando seja
tão mineral que não veja nem escute,
nem participe do que nasce e cresce.
Quando escolhi a selva
para aprender a ser,
folha por folha,
estendi as minhas lições
e aprendi a ser raiz, barro profundo,
terra calada, noite cristalina,
e pouco a pouco mais, toda a selva.”
(NERUDA, Pablo. O Caçador de raízes. Antologia Poética, José Olympio, 1994, p. 232.)
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