(Beth Moon - Ancient Trees: Portraits Of Time, Abbeville Press, 2014)
“Eu pertenço à fecundidade
e crescerei enquanto crescem as vidas:
sou jovem com a juventude da água,
sou lento com a lentidão do tempo,
sou puro com a pureza do ar,
escuro com o vinho da noite
e só estarei imóvel quando seja
tão mineral que não veja nem escute,
nem participe do que nasce e cresce.
Quando escolhi a selva
para aprender a ser,
folha por folha,
estendi as minhas lições
e aprendi a ser raiz, barro profundo,
terra calada, noite cristalina,
e pouco a pouco mais, toda a selva.”
(NERUDA, Pablo. O Caçador de raízes. Antologia Poética, José Olympio, 1994, p. 232.)
Noturno - Mario Quintana
”Não
sei por que, sorri de repente
E um gosto de estrela me veio na
boca...
Eu penso em ti, em Deus, nas voltas inumeráveis que fazem
os caminhos...
Em Deus, em ti, de novo...
Tua ternura tão
simples...
Eu queria, não sei por que, sair correndo descalço
pela noite imensa
E o vento da madrugada me encontraria morto junto
de um arroio,
Com os cabelos e a fronte mergulhados na água
límpida...
Mergulhados na água límpida, cantante e fresca de um
arroio!”
(In: Aprendiz de Feiticeiro, 1950)
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