“Quando nasci, um
anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser
gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás das
mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos
desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas
amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem sério do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos
amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que
me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu
era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é o meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa
lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.”
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