“O meu primeiro amor
sentávamos numa pedra
Que havia num terreno baldio entre as nossas
casas.
Falávamos de coisas bobas,
Isto é, que a gente grande
achava bobas
Como qualquer troca de confidências entre crianças
de cinco anos.
Crianças...
Parecia que entre um e outro nem
havia ainda separação de sexos
A não ser o azul imenso dos olhos
dela,
olhos que eu não encontrava em ninguém mais,
Nem no
cachorro e no gato da casa,
Que apenas tinham a mesma fidelidade
sem compromisso
E a mesma animal – ou celestial – inocência,
Porque o azul dos olhos dela tornava mais azul o céu:
Não, não
importava as coisas bobas que disséssemos.
Éramos um desejo de
estar perto, tão perto
Que não havia ali apenas duas encantadas
criaturas
Mas um único amor sentado sobre uma tosca pedra,
Enquanto a gente grande passava, caçoava, ria-se, não sabia
Que
eles levariam procurando uma coisa assim por toda a vida...”
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