(Beth Moon - Ancient Trees: Portraits Of Time, Abbeville Press, 2014)


“Eu pertenço à fecundidade
e crescerei enquanto crescem as vidas:
sou jovem com a juventude da água,
sou lento com a lentidão do tempo,
sou puro com a pureza do ar,
escuro com o vinho
da noite
e só estarei imóvel quando seja
tão mineral que não veja nem escute,
nem participe do que nasce e cresce.

Quando escolhi a selva
para aprender a ser,
folha por folha,
estendi as minhas lições
e aprendi a ser raiz, barro profundo,
terra calada, noite cristalina,
e pouco a pouco mais, toda a selva.”

(NERUDA, Pablo. O Caçador de raízes. Antologia Poética, José Olympio, 1994, p. 232.)


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Sobre o Tempo e a EternaIdade - Rubem Alves



“É assim que ficam os meus olhos, é assim que fica o meu mundo, quando a saudade se aconchega no meu colo, quando a velhice brinca comigo... Os olhos normais veem as ruas, os muros, os jardins, do jeito mesmo como eles são, do jeito mesmo como apareceriam se deles se tirasse uma fotografia. Já os olhos que a saudade encantou ficam dotados de estranhos poderes mágicos: eles veem as ausências, o que não está lá, mas que o coração deseja.”