(Beth Moon - Ancient Trees: Portraits Of Time, Abbeville Press, 2014)


“Eu pertenço à fecundidade
e crescerei enquanto crescem as vidas:
sou jovem com a juventude da água,
sou lento com a lentidão do tempo,
sou puro com a pureza do ar,
escuro com o vinho
da noite
e só estarei imóvel quando seja
tão mineral que não veja nem escute,
nem participe do que nasce e cresce.

Quando escolhi a selva
para aprender a ser,
folha por folha,
estendi as minhas lições
e aprendi a ser raiz, barro profundo,
terra calada, noite cristalina,
e pouco a pouco mais, toda a selva.”

(NERUDA, Pablo. O Caçador de raízes. Antologia Poética, José Olympio, 1994, p. 232.)


sábado, 19 de julho de 2008

Lya Luft


“Na balança dos dias certamente a alegria pesa muito mais do que todo o resto, e estão-se estabelecendo laços de afeto que o tempo não vai deteriorar. Com todos os meus erros, falhas e manias, aprecio laços e afetos, e me ilumina essa sensação de que, afinal, vale a pena. Não vivo pensando que a toda hora alguém vai me trair. Muitas vezes tenho medo. Frequentemente me engano. Devo machucar quem amo, e certamente sem razão me sinto ferida algumas vezes. Todos os pequenos dramas são meus. Nos meus anos e multiplicados afetos, mais de uma vez quando pensei que haveria uma celebração, foi um fiasco. Quando imaginei um encontro, foi solidão. Quando quis abraço, fui segregada. Mas mais do que perder, continuo ganhando. Esperando que dentro das pequenas ou grandes tempestades que ocorrem para todos nós, fique uma memória de esperança, de amor e lealdade.”

(Perdas & Ganhos, 2006, p.53)